Vereador, primeira-dama e ouvidora de Pentecoste são presos em Operação do Ministério Público

A nova fase da operação “Caixa 2” desarticulou quadrilha que cometeu golpes em idosos para financiar a campanha do prefeito de Pentecoste

Uma operação do Ministério Público do Ceará (MPCE) e da Polícia Civil prendeu o presidente 
da Câmara dos Vereadores de Pentecoste, a ouvidora municipal (mãe do vereador) e a 
primeira-dama do município, que fica a cerca 90 km de Fortaleza. Os três presos, que são da 
mesma família, são suspeitos de integrar uma quadrilha investigada por uma série de golpes 
em idosos para financiar a campanha do prefeito de Pentecoste, João Bosco Pessoa Tabosa 
(PDT), eleito em 2016.
Um vídeo divulgado pelo Ministério Público mostra o momento em que um servidor fantasma 
recebe o valor ilegalmente, conforme o órgão.
O advogado de defesa dos presos, Hélio Leitão, afirmou que a detenção dos clientes era "desnecessária". "Essas pessoas contribuíram com a investigação. Os fatos em apuração 
datam ainda de meados de 2016. Elas têm endereço fixo e nunca se furtaram de contribuir 
com a investigação. Portanto, não há qualquer necessidade dessa prisão. Elas já apresentaram 
a defesa no processo e estão aguardando a instrução criminal para produzir provas", afirmou.

Presos são suspeitos de integrar uma quadrilha que aplicava golpes contra idosos, segundo denuncia do MP 
— Foto: MPCE/Divulgação

Segundo a investigação da Operação Caixa 2, o valor acumulado ilegalmente por meio das 
fraudes chega a R$ 300 mil. Investigadores afirmaram que o prefeito de Pentecoste foi eleito
com dinheiro dos golpes contra idosos.
De acordo com o Ministério Público, o vereador Pedro Hermano Pinho Cardoso (PDT) foi detido por força 
de um mandado de prisão preventiva cumprido pelo promotor Jairo Pequeno Neto e o delegado Regis 
Pimentel, responsáveis pelas investigações. Já a ouvidora Maria Clara Rodrigues Pinho e a primeira-dama 
Maria Clemilda Pinho de Sousa tiveram a prisão domiciliar decretada, com uso de tornozeleira eletrônica.
Além das prisões, os investigados também foram afastados de suas funções públicas por tempo 
indeterminado. As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz da Comarca de Pentecoste, Caio Lima 
Barroso.

O MPCE também pediu pela prisão e pelo afastamento do prefeito João Bosco, mas a Justiça entendeu que 
os crimes foram cometidos antes da sua gestão.

"As medidas cautelares foram interpostas em razão dos diversos embaraços realizados 
pelos investigados, com o intuito de frustrar a investigação criminal, utilizando-se de seus
cargos para obstruir a justiça", explicou o promotor de Justiça de Pentecoste, Jairo Pereira 
Pequeno Neto.

Idosos enganados

Conforme as investigações, a quadrilha colocava um casal na porta das agências bancárias
para oferecer ajuda aos idosos e desviar benefícios dos mesmos para a campanha de João
Bosco. O prejuízo às vítimas teria somado R$ 300 mil. A organização criminosa contava
com apoio de dois funcionários dos bancos.
Na primeira fase da 'Caixa 2', deflagrada em 18 de outubro do ano passado, a primeira dama,
o presidente da Câmara de Vereadores e os funcionários do Banco do Brasil já haviam sido
afastados dos seus cargos por decisões judiciais.
A Operação evidenciou ainda um esquema de funcionários "fantasmas" na Câmara Municipal
de Pentecoste, isto é, pessoas que nunca trabalharam no órgão legislativo estavam na folha
de pagamento recebendo salário. Uma dessas funcionárias foi presa e prestou delação
premiada ao MPCE - que levou ao esquema criminoso.

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