Um dos acusados pela Chacina do Benfica estava em Paracuru e não em Fortaleza afirma promotor de justiça




Crimes ocorreram por volta de 23h30 em três pontos diferentes do Bairro Benfica, em Fortaleza. O professor, um dos sobreviventes, já prestou depoimento e pede Justiça.


Um dos acusados de participar da Chacina do Benfica, Francisco Elisson Chaves de Souza não estava em Fortaleza no dia do crime, afirmou o promotor de Justiça Franke José Soares Rosa durante julgamento dos réus no Fórum Clóvis Beviláqua na tarde desta quarta-feira (6). Além de Francisco Elisson, Douglas Matias da Silva e Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes estão sendo julgados nesta quarta. Cinco depoimentos ocorreram até 12h.

A matança aconteceu no Bairro Benfica, em Fortaleza, na noite do dia 9 de março de 2018. Sete pessoas morreram e outras três ficaram feridas.
“As famílias que estão sofrendo, isso é irrecuperável. É uma dor que não para. Felizmente vamos poder fazer justiça com provas concretas e também vamos fazer justiça com a absolvição do Elisson, porque julgamos com base em provas concretas”, frisou Rosa.
Francisco Elisson ainda será julgado por integrar organização criminosa. Segundo o promotor, o acusado teria cogitado e se preparado para matar uma pessoa conhecida como “Geo”, membro de uma facção criminosa, mas no dia da chacina não estava na cidade. “Reconheçam a negativa de autoria do acusado Francisco Elisson”, completou Rosa.

Pela manhã, testemunhas convocadas pela defesa de Elisson já tinham afirmado que o acusado estava em Paracuru, cidade do Litoral Oeste do Ceará.


'Eu não queria que fosse essa matança toda'

Stefferson Fernandes confessou sua participação na chacina durante depoimento no tribunal do júri. Ele pediu desculpas aos familiares das vítimas que não tinham relação com a criminalidade. "Queria só pedir desculpas pelo que eu fiz, aos outros que foram vítimas dessa barbaridade."

O acusado lamentou a quantidade de pessoas mortas. "Eu não queria que fosse essa matança toda", disse.

Stefferson afirmou que o alvo dele também era "Geo". E reforçou que, já que não acharam o alvo, mataram o primo dele, conhecido como Júnior, que trabalharia para "Geo" no tráfico de drogas. Júnior estava na Praça da Gentilândia.

Depoimento de professor

   O professor Paulo Victor Policarpo, um dos sobreviventes da Chacina do Benfica, foi o primeiro ouvido no julgamento. Paulo Victor afirmou durante depoimento que não lembra do tiroteio. Ele disse que tudo o que sabe sobre o ocorrido é o que ouviu do relato de amigos que estavam no local. Ele ressaltou que perdeu a capacidade de guardar memórias recentes devido ao trauma ocasionado pelos tiros que levou.

O professor é um dos três sobreviventes do tiroteio. Ele chegou a ficar em coma induzido e agora lida com as sequelas dos ferimentos e diz que espera que a justiça seja feita. A vítima também questiona a inércia do estado para impedir a chacina.

"Se tem uma série de crimes que já haviam sido cometidos, então o que iam esperar? O terceiro crime, o quarto? Nove pessoas morrerem?", indagou.
 As vítimas da chacina são:


  • -José Gilmar Furtado de Oliveira Júnior (33), morto na Praça da Gentilândia
  • -Antônio Igor Moreira e Silva (26), morto na Praça da Gentilândia
  • -Joaquim Vieira de Lucena Neto (21), morto na Praça da Gentilândia
  • -Carlos Victor Meneses Barros (23), morto na Vila Demétrio
  • -Pedro Braga Barroso Neto (22), vítima morta da Rua Joaquim Magalhães
  • -Emilson Bandeira de Melo Júnior (27), baleado na Vila Demétrio, faleceu no hospital IJF
  • -Adenilton da Silva Ferreira (24), baleado na Vila Demétrio, faleceu no hospital IJF



Membros de facção criminosa:

Os acusados são membros de uma facção criminosa local. Três assassinatos ocorreram na sede de uma torcida organizada do Fortaleza Esporte Clube. À época, a polícia chegou a afirmar que a chacina foi motivada por rixa entre torcidas rivais.

Dias depois, a Polícia Civil divulgou que a motivação para o massacre foi uma disputa entre facções rivais por um território para o tráfico de drogas. Outras três pessoas foram assassinadas a tiros em uma rua próxima à Praça da Gentilândia, área que reúne principalmente universitários.

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