Minas Gerais investiga suspeita de coronavírus em Belo Horizonte

É o primeiro caso suspeito no Brasil do novo vírus encontrado na China e que se espalha pelo mundo

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investiga suspeita de coronavírus em Belo Horizonte, informa o G1. Trata-se de uma mulher, brasileira, de 35 anos, que veio de Xangai, na China.Os exames capazes de confirmar ou descartar a hipótese diagnóstica encontram-se em andamento em laboratórios de referência.
O caso foi identificado nesta terça-feira (21) na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A paciente desembarcou na capital mineira no dia 18 de janeiro. Ela apresenta sintomas respiratórios, compatíveis com a doença respiratória viral aguda.
"Tendo em vista o contexto epidemiológico atual do país onde a paciente esteve, foi considerada a hipótese de doença causada pelo novo coronavírus, que é microorganismo de alerta sanitário internacional, considerando o potencial pandêmico com alto risco à vida e impacto assistencial", disse a nota da SES.
A mulher está internada no Hospital Eduardo de Menezes, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte. A paciente está clinicamente estável e o caso segue em investigação.
China
O novo coronavírus surgido na China provocou 17 mortes e infectou centenas de pessoas, segundo o balanço mais recente, cujo anúncio nesta quarta-feira (22) intensificou a preocupação internacional.
A preocupação com a progressão do vírus, além da ameaça de tarifação americana em carros europeus se fez sentir nas bolsas de valores europeias. Paris fechou em queda de 0,58%, a 6.010,98 pontos; Frankfurt caiu 0,30%, fechando a 13.515,75 pontos, e Londres perdeu 0,51%, a 7.571,92 pontos.
Um comitê da Organização Mundial da Saúde (OMS) deve se reunir na tarde desta quarta para determinar se deve declarar uma "emergência de saúde pública de alcance internacional".
O número total de pessoas infectadas subiu para 444 na província de Hubei, epicentro dos casos, anunciaram autoridades locais durante uma coletiva de imprensa televisionada.
O vírus apareceu no mês passado na cidade de Wuhan e já chegou a vários países da Ásia e até mesmo nos Estados Unidos, que registrou um primeiro caso.
Nesta quarta, Hong Kong também informou um primeiro suposto caso em um homem que chegou à cidade procedente de Wuhan.
A secretária de Saúde, Sophia Chan, disse que um homem de 39 anos teve resultado positivo para infecção pela vírus em um exame preliminar, mas que o resultado final sairá apenas na quinta-feira. O indivíduo foi isolado em um hospital.
O presidente chinês, Xi Jinping, assegurou por telefone a seu colega francês, Emmanuel Macron, que a China adotou "medidas de prevenção e de controle", garantindo que seu país "está disposto a trabalhar com a comunidade internacional para responder de forma eficaz à epidemia".
Mais cedo, durante uma coletiva de imprensa em Pequim, o vice-ministro da Comissão Nacional da Saúde, Li Bin, ressaltou que o vírus, que é transmitido pelo trato respiratório, "pode sofrer mutações e se espalhar mais facilmente".
Depois de aparentemente ignorar o vírus surgido no mês passado, os chineses pareciam estar cientes do risco nas principais cidades do país, onde muitos moradores usavam máscaras respiratórias.
Em uma farmácia de Pequim, uma funcionária explicava aos clientes que não tinha mais máscaras nem produtos desinfetantes para vender.
"Os estoques zeraram por causa do que está acontecendo em Wuhan. Quando o número de casos chegou perto de 300, as pessoas perceberam que era sério", disse ela.
Ventilação, desinfecção
Quase metade das províncias do país está em alerta, incluindo megalópoles como Xangai e Pequim.
Também foi detectado um caso em Macau, capital mundial dos jogos de azar, onde os funcionários dos cassinos são obrigados a usar máscaras.
Repetindo um pedido do presidente Xi Jinping para "deter" a epidemia, Li anunciou medidas preventivas, como ventilação e desinfecção em aeroportos, estações ferroviárias e shopping centers. 
Sensores de temperatura corporal também serão instalados em locais movimentados, disse ele.
Muitos países com ligações aéreas diretas ou indiretas com Wuhan, cidade onde a doença surgiu, reforçaram o controle de passageiros, tirando proveito de sua experiência com a epidemia de SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2002-2003, um vírus da mesma família.
Depois do Japão, Coreia do Sul, Tailândia e Taiwan, os Estados Unidos anunciaram o primeiro caso da doença na terça-feira. 
Trata-se de um homem na casa dos trinta anos, natural de Wuhan e que mora perto de Seattle, no noroeste dos Estados Unidos. 
Ele chegou em 15 de janeiro sem febre no aeroporto de Seattle, e entrou, por conta própria, em contato com os serviços de saúde após o aparecimento dos primeiros sintomas.
Foi hospitalizado por precaução e permanecerá em confinamento solitário por pelo menos mais 48 horas, segundo as autoridades sanitárias.
Suspeitas
Até o momento, a OMS usou o termo "emergência de saúde pública de alcance internacional" apenas em casos raros de epidemias que exigem uma vigorosa resposta internacional, incluindo a gripe suína H1N1 em 2009, o vírus zika em 2016 e a febre ebola, que devastou parte da população da África Ocidental de 2014 a 2016 e a RDC desde 2018. 
O vírus foi detectado em dezembro em Wuhan, uma megalópole de 11 milhões de pessoas, em um mercado de peixes e frutos do mar.
Ainda se desconhece sua origem exata ou o período de incubação.
Vendas ilegais de animais silvestres estavam ocorrendo no mercado, segundo declarou nesta quarta-feira o diretor do Centro Nacional de Controle e Prevenção de Doenças, Gao Fu.
Ele, porém, não foi capaz de afirmar se esta era a origem do vírus.
O prefeito da cidade sugeriu que as pessoas não viagem a Wuhan se não for necessário e que os moradores não deixem o local.
A cepa é um novo tipo de coronavírus, uma família com um grande número de vírus. Eles podem causar doenças leves nos seres humanos (como um resfriado), mas também outras mais graves, como SRAS.

Fonte: Diário do Nordeste

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