Petrobras paralisa produção de petróleo nas nove plataformas no Ceará

Medida foi tomada para reduzir custos durante período da pandemia do coronavírus. Sindicato dos Petroleiros, contudo, alerta para riscos à economia do Estado e do País.




A produção de petróleo nas nove plataformas no Ceará estão suspensas pela Petrobras. A decisão faz parte do plano da Estatal para redução de gastos durante a crise causada pela pandemia do coronavírus e do choque de preços do petróleo no mercado mundial. O plano foi anunciado na última quinta-feira (26), e as plataformas entraram em hibernação já no dia seguinte, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo (Sindipetro).
Segundo a Petrobras, a decisão  abrange as plataformas da companhia localizadas em águas rasas do Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e no Polo Garoupa da Bacia de Campos.
"A Petrobras informa que, tendo em vista os impactos da pandemia do COVID-19 (coronavírus) e da redução abrupta dos preços e da demanda de petróleo e combustíveis, adotou ações para redução de custos e preservação do seu caixa, além das medidas para preservar a saúde dos colaboradores e apoiar na prevenção da doença nas áreas operacionais e administrativas", afirmou a estatal em nota. 
O Sindicato, contudo, aponta um risco para economia do Estado, considerando que as nove plataformas no Ceará geram, segundo último levantamento sindical, 400 empregos diretos e 2000 empregos indiretos. 
9 plataformas
As nove plataformas cearenses estão instaladas em 4 campos de exploração: Xáreu, Atum, Curimã e Espada. A base para as plataformas fica instalada em Paracuru.

De acordo com a Petrobras, as plataformas foram paralisadas por apresentarem um baixo rendimento após as variações no preço do barril de petróleo. As unidades, em virtude da queda dos preços do petróleo no mercado mundial, "passaram a ter fluxo de caixa negativo".

A produção atual de óleo desses campos, segundo a estatal, é de "23 mil barris por dia e os desinvestimentos nesses ativos continuam em andamento".

Flávio Fernandes diretor do Sindipetro (Ceará/Piauí), no entanto, alertou que a medida poderá ter efeitos diretos na economia do Estado e do País. Segundo ele, além de reduzir o número de empregos no Ceará, a redução da produção do petróleo poderá deixar o Brasil mais vulnerável às variações do preço do mercado internacional. 

"Sem dúvida nós estamos na contramão. o que nós tínhamos antes era o atendimento do mercado interno e o preço era nosso. Mas aí, desde a gestão de Pedro Parente temos a equiparação do mercado internacional então cada conflito externo impacta o nosso preço", disse Flávio. 
"Quando há exploração nós podemos ajustar as dificuldades em outros setores da empresa. Reduzir a carga das refinarias e aumentar a carga de importação não atende os interesses da nação, estamos mais vulneráveis", completou. 
Impactos
Além disso, sem os contratos de trabalho com a Petrobras, a economia de vários municípios será impactada já que os empregados e terceirizados pela estatal estariam sem renda fixa. 
Flávio explicou que a Petrobras deverá anunciar um plano de demissão voluntária e os funcionários que não aderirem ou não forem remanejados serão desligados. No entanto, não há confirmação da empresa até o momento de quantos funcionários deverão ser mantidos. 
"Na sexta, fomos surpreendidos durante uma videoconferência onde disseram que as plataformas de águas rasas, como Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe, teriam a produção parada e seriam preparadas para hibernação. Chegou a informação que talvez fosse por 3 meses, mas a gente acredita que isso possa não ser só 3 meses porque o plano do governo é de desmonte da cadeia de petróleo e gás", disse Flávio. 
Lubnor
A refinaria instalada em Fortaleza, a Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), não deverá ser impactada pela medida. A Petrobras não anunciou nenhuma medida referente à atuação da planta. A refinaria produz cerca de 235 mil toneladas/ano de asfaltos e 73 mil metros cúbicos por ano de lubrificantes naftênicos e tem a produção usada para fabricação de asfalto, por exemplo.

FONTE: Diário do Nordeste 

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