Ex-presidentes de Ceará e Fortaleza divergem sobre projeto que libera bebidas alcoólicas em estádios
No período da Copa do Mundo, em 2014, a venda de bebidas nos estádios foi permitida
O senador Eduardo Girão (PODE), ex-presidente do Fortaleza, repudiou o Projeto de Lei (PL) N.º 85/19, apresentado pelo deputado estadual Evandro Leitão (PDT), ex-presidente do Ceará. O PL autoriza a venda e o consumo de bebidas alcoólicas em estádios e arenas desportiva cearenses. Leitão apresentou o projeto na Assembleia Legislativa do Ceará (ALCE), onde segue tomando força nas comissões da Casa com aprovações de outros deputados estaduais.
No entanto, Eduardo Girão atacou a proposta no Senado. De acordo com o senador cearense, o consumo de álcool nos estádios coloca em risco a paz entre os torcedores. Girão pediu o apoio dos colegas senadores e da população cearense “para que também se posicionem de forma a barrar a decisão” que, na visão dele, "visa privilegiar as questões comerciais e aumentar os lucros da milionária indústria de bebidas".
“No Estado de Pernambuco, o número de ocorrências caiu de 1.643 em 2005 para 112 em 2010, com a lei estadual de 2007 que vetou o álcool nos estádios. Em Minas Gerais, após a proibição, os eventos violentos foram reduzidos em 45%, ou seja, quase a metade. E infelizmente, nesses dois estados, e apesar dos bons números, inexplicavelmente, o consumo voltou a ser liberado”, discursou Girão na tribuna do Plenário do Senado Federal.
Como justificativa, no texto que tramita na Assembleia Legislativa do Ceará, o ex-presidente do Ceará destaca a liberação de bebidas alcoólicas durante a Copa das Confederações, em 2013, e na Copa do Mundo, em 2014. De acordo com o texto, os eventos subsidiaram amplamente o entendimento de que a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol não é a causa que fomenta e estimula a violência nesse ambiente esportivo.
“Em verdade, o contexto social e histórico mostra-nos que a permissividade de tal conduta, com a competente regulação legal e fiscalização administrativa, não pode ser intimamente relacionada aos episódios de violência no meio esportivo, de sorte que é imperioso destacar que a própria Federação Internacional de Futebol (FIFA) não se opõe a venda de álcool em partidas de futebol que são realizadas sob a sua responsabilidade”, justifica-se o Projeto de Lei de Evandro Leitão.