Ex-presidente do Peru, Alan García comete suicídio antes de ser preso
Político teve a morte confirmada horas depois de atirar contra si mesmo; ele era acusado de receber propina da Odebrecht
Publicado em 17 de abril de 2019 | 15h00
Alan García chegou a ser socorrido mas morreu durante cirurgia de
emergência em hospital na capital do Peru, Lima - 27/03/2018 (Guadalupe
Pardo/Reuters)
O ex-presidente do Peru, Alan García,
morreu, aos 69 anos, depois de atirar contra a própria cabeça na manhã
desta quarta-feira, 17. O político cometeu suicídio depois que policiais
chegaram a sua residência para executar um mandado de prisão preventiva
expedido pela Justiça peruana. García era acusado de receber propina da
construtora brasileira Odebrecht.
O político exerceu o cargo de presidente do Peru por duas vezes: a
primeira entre 1985 e 1990, e a segunda, de 2006 a 2011. Ele era líder
do Partido Aprista Peruano, de centro-esquerda.
Segundo o jornal peruano El Comercio, a Divisão de
Investigação de Delitos de Alta Complexidade executava uma operação
para prender vários políticos ligados à empreiteira. Os agentes entraram
na residência do ex-presidente às 6h25 no horário local (8h25 no
horário de Brasília), poucos minutos depois de a Justiça expedir o
mandado da prisão preventiva de dez dias. Ao ser avisado da detenção, o
político peruano pediu alguns minutos para falar com seus advogados.
Pouco depois, escutou-se um disparo.
García foi transferido para o hospital Casimiro Ulloa, também na capital
peruana, onde chegou minutos depois de os agentes entrarem na casa.
Ainda nesta manhã, o diretor do hospital, Enrique Gutiérrez, detalhou
que o ex-presidente foi atingido por um disparo de arma de fogo no
crânio “com orifício de entrada e saída”. Ele acrescentou que todos os
médicos do hospital participavam de uma cirurgia de emergência depois de
o ex-presidente ter sofrido três paradas cardiorrespiratórias.
Delação da Odebrecht
A situação jurídica do ex-presidente se complicou no último domingo 14,
quando uma delação premiada da construtora brasileira à Justiça peruana
revelou que o ex-secretário da Presidência e seu filho, José Antonio
Nava, receberam 4 milhões de dólares da empresa para a concessão do
contrato de construção da Linha 1 do Metrô de Lima.
Também nesta quarta, a polícia prendeu Luis Nava, ex-secretário-geral da
administração de Alan García, e Miguel Atala, ex-presidente da
Petroperú, empresa energética estatal.
O político peruano também era acusado de ter retribuído as doações com
grandes subsídios públicos para as obras de uma rodovia, a
Interoceânica, entre os anos de 2008 e 2010. O projeto era realizado por
um consórcio liderado pela empreiteira.
Outros três ex-presidentes do Peru também são investigados por suspeita de receber propina da Odebrecht: Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018), Ollanta Humala (2011-2016) e Alejandro Toledo (2001-2006). Kuczynski, mais conhecido como PPK, foi preso temporariamente, no último dia 10, em decorrência de sua relação com a empreiteira.
Por
Redação: Veja.
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